Relacionamentos: como mantê-los bons?!
Quando falamos de relacionamentos, temos que pensar em todas as possibilidades, como trabalho, amigos, família, casal, filhos, etc. Existe uma íntima relação das emoções com os relacionamentos, já que grande parte da negatividade vem como resultado das relações que estabelecemos com as pessoas.
Uma das melhores maneiras de melhorar a qualidade dos relacionamentos e torná-los mais positivos, é mudando o estilo de comunicação, tanto verbal como não verbal. Sentir-se respeitado, valorizado, compreendido e reconhecido é uma expectativa em qualquer relacionamento.
A indiferença é um dos maiores venenos que se pode encontrar nos relacionamentos. Então, valorizar e apreciar as boas notícias, apoiar os sonhos e desejos do outro é uma forma de generosidade recíproca.
Nos relacionamentos afetivos, o maior desafio é conseguir manter o mesmo nível de interesse e entusiasmo todos os dias, e não deixar a rotina tomar conta da vida do casal. Uma das formas de retardar esse efeito é voltar a apreciar o parceiro. A apreciação possibilita que os casais visualizem e realcem os pontos positivos um do outro, se conectem mais e evitem a comparação com outros casais. Portanto, o esforço em uma relação não deve ser somente em “fazer”, mas também em perceber e valorizar.
Alguns dos fatores mais comuns que dificultam um relacionamento acontecem quando um ou ambos os parceiros criticam constantemente o outro, quando são muito defensivos, quando a pessoa fica dando desculpas o tempo todo, falar ou agir com desprezo e indiferença, deixar o outro falando sozinho, agir com extrema rigidez, etc.
Para melhorar o clima, algumas atitudes podem tornar os relacionamentos ainda mais positivos, como apreciação mútua, empatia, mostrar afeto e carinho, humor, estar mais presente, mostrar que se importa, relevar pequenos deslizes, postura mais benevolente diante das falhas e imperfeições do outro, etc. Em suma, todas essas manifestações não deixam de ser manifestações práticas de amor, pois amor é muito mais do que emoção, é essencialmente ação. Para alguns autores, o amor é uma espécie de “ressonância de positividade”, formada pela união de três elementos básicos: o compartilhamento de emoções positivas entre pessoas diferentes, a sincronia biológica entre ambos e por fim uma motivação forte em investir no bem-estar do outro.
Um outro elemento fundamental em qualquer relacionamento é o perdão, principalmente se o foco é a psicologia positiva. A intenção não é falar do “perdão religioso”, mas do científico, e de seus benefícios para a nossa vida emocional.
O perdão é uma forma de evitar que o relacionamento entre em um ciclo vicioso de acusações e ruminações, o que pode levar a um rompimento definitivo. Perdoar acaba amenizando sentimentos negativos como o ódio, a raiva, o medo, a angústia, além de minimizar a intrusão e o crescimento dos pensamentos negativos. A prática do perdão dá espaço a um pensamento mais otimista e generoso, reduzindo dessa forma os conflitos, fortalecendo e regenerando vínculos e melhorando inclusive a saúde física.
A falta de perdão normalmente está associada a uma sensação de “injustiça”, que muitas vezes nos leva a querer vingança. Ambos sentimentos são legítimos, mas perdoar significa abrir mão da “justiça a que eu teria direito”, mesmo que a outra parte não tenha nenhum “direito” nem “merecimento” de perdão.
Relacionamentos Positivos e a Ocitocina:
A ocitocina é popularmente conhecida como o hormônio do amor, e também da amamentação, mas não só isso, pois também reduz os níveis de estresse e o aumento da satisfação. Ela não atua sozinha, está diretamente ligada a outros hormônios do bem-estar, como a serotonina e a dopamina, ambas conectadas ao nosso estado de humor.
Estudos apontam que a ocitocina também está ligada à empatia humana, fazendo com que as pessoas reconheçam pessoas ou situações que inspirem confiança. Isso acaba reduzindo a ansiedade diante do desconhecido, o que proporciona relações mais próximas e confiáveis. Partindo do individual para o coletivo, isso favorece as atitudes sociais, como a demonstração de compaixão, generosidade, afeto e até moralidade através da bondade, altruísmo e solidariedade.
Esses mesmos estudos também concluíram, que níveis altos de estresse bloqueiam a liberação de ocitocina, pois o hormônio do estresse visa preparar a pessoa para enfrentar ameaças e perigos, e nesse caso a ocitocina seria um obstáculo para a sobrevivência. No entanto, isso evidencia que sob estresse temos menos propensão a atos de bondade. Daí resulta a dificuldade tanto biológica como psicológica, de fazer com que pessoas sob o domínio da negatividade e do estresse, atotem comportamentos positivos. É por isso que alguém envolvido pela raiva, medo, ansiedade ou tristeza, dificilmente conseguirá olhar e compreender os sentimentos dos outros (empatia).
Bárbara Fredrickson revela que três elementos biológicos colaboram para criar e manter a união entre as pessoas: o cérebro, a ocitocina e o nervo vago. A ocitocina estimula o apego e as ligações sociais, além de exercer um efeito “calmante” sobre a amígdala (região do cérebro ligado a ativação dos hormônios estressores), o que faz com que haja menos liberação de cortisol no sangue. O nervo vago (conecta o cérebro ao coração) e isso contribui para acelerar ou desacelerar os batimentos cardíacos. O nervo vago também influi na atenção, emoções e comportamento das pessoas.
Amizades Positivas:
Apesar de a maioria dos estudos focar relacionamentos amorosos, julgamos importante ressaltar a importância dos relacionamentos familiares e de amigos. A maior vantagem dos vínculos familiares e de amizade, é o fato de as pessoas saberem que têm alguém em quem confiar em momentos difíceis. Isso acaba reduzindo o nível de estresse e a vulnerabilidade a alguns distúrbios psicológicos.
A amizade é um fator fundamental para aumentar a resiliência , auxiliando a pessoa a se recuperar das adversidades da vida. Vínculos de amizade fortes também estão ligados à habilidade de apego e de confiança. Os relacionamentos positivos também amenizam as mazelas no trabalho, além de possibilitarem que as pessoas se apoiem mutuamente, troquem ideias e tenham mais entusiasmo no trabalho, pois pessoas até podem tolerar “trabalho chato”, mas o mais difícil é tolerar “gente chata”.
Saber ouvir de forma atenta, é o primeiro passo para a construção de laços de amizade. A sinceridade, a gentileza e a parceria também são elementos que fortalecem os vínculos entre amigos. Amizades sinceras exigem que as pessoas sejam autênticas, mas para isso, é preciso que elas aceitem o outro como ele é. Para manter a sinceridade e autenticidade, é preciso que as pessoas sejam tolerantes e aceitem ouvir sugestões.
A compaixão e a generosidade são fortes entre as pessoas. Estar presente nos momentos difíceis do outro, consolar, compartilhar a dor e oferecer ajuda são atitudes que aumentam a cumplicidade e a confiança. Em contra partida, tão importante quanto a compaixão, é a celebração pelas conquistas e vitórias, que tem uma força especial quando compartilhadas.
Para manter relacionamentos positivos é preciso ter tempo suficiente a fim de que o vínculo seja mantido. A constância é algo necessário para o sucesso em qualquer esfera da vida, seja nos estudos, trabalho e nos relacionamentos tanto amorosos como nas amizades. Evitar fofocas ou traições, saber pedir desculpas quando algo vai mal, e por fim saber agradecer pelos favores e cumplicidades são essenciais para manter vivos os laços de amizade.