Forças de caráter: Precisamos desenvolver isso!
De acordo com Martin Seligman, a prática e o desenvolvimento saudável das forças e virtudes humanas são a chave para uma vida boa, gratificante e feliz, tanto no trabalho como nos relacionamentos.
Após anos de pesquisas, chegou-se a um consenso sobre as 24 forças mais comuns no ser humano, organizado sob 6 grandes grupos de virtudes, conhecido como VIA-IS – Values in Action Inventory Strenghts.
Forças de caráter
1.Sabedoria e Conhecimento: Qualidades cognitivas que implicam aquisição e uso do conhecimento.
- Criatividade (Originalidade): Caracterizado por um pensamento aberto e flexível, desejo de inventar, inovar, reformar ou reutilizar objetos já existentes.
- Curiosidade (interesse, busca pela novidade, abertura à experiência):Caracteriza-se tanto para um desejo de explorar coisas quanto pessoas, busca de experiências diferentes, desafios, aventuras e variedade.
- Critério (pensamento crítico): Ponderar e refletir sobre todas as evidências e argumentos. Analisar todo o contexto antes de tomar uma decisão
- Amor ao Aprendizado: Valorizar o aprendizado e motivar a busca do conhecimento.
- Perspectiva (sabedoria):É a capacidade de ouvir as pessoas e olhar as coisas de modo multidimensional. É uma mistura do conhecimento e experiência de vida.
2. Coragem: Qualidades emocionais que envolvem a vontade de atingir objetivos diante da oposição interna e externa.
- Bravura (valentia): É a habilidade de defender o certo, mesmo diante da oposição. Não se limita a bravura física, pois pode estar ligado a um risco emocional, financeiro, profissional, intelectual ou social.
- Perseverança (persistência, diligência):Caracterizado pelo ato de não desistir, apesar da frustração, e manter-se firme e constante mesmo diante dos problemas fracassos e dificuldades.
- Integridade (honestidade):Caracterizado pela verdade, honra, moral e sinceridade de palavras e ações, independentemente das pessoas ao redor.
- Vitalidade (entusiasmo, vigor, energia):Agir de forma prestativa, com alto-astral, carisma, alegria, otimismo e muita força de vontade.
3. Humanidade: Qualidades interpessoais que envolvem o cuidado e amizade com os outros.
- Amor: Caracterizado pelo ato de acolher, apoiar, demostrar compaixão e ouvir as pessoas, buscando fazer o bem aos outros. É a capacidade tanto de amar como de ser amado.
- Generosidade (gentileza, compaixão):Caracterizado pela empatia, altruísmo, bondade e solidariedade.
- Inteligência social (inteligência pessoal, emocional):Habilidade de compreender, interagir, influenciar e se relacionar com os outros, formando e mantendo amizades.
4. Justiça:Qualidades cívicas que estão por trás de uma vida saudável em comunidade.
- Trabalho em equipe (cidadania, responsabilidade social, lealdade):Envolve a proatividade, encorajamento, união e lealdade a um grupo, buscando o bem de todos. Também envolve esforços coletivos no sentido da comunicação, do planejamento e execução das tarefas.
- Justiça:Trata-se de seguir as mesmas regras de imparcialidade e justiça. Envolve a noção do certo e errado, empatia e moralidade, abrangendo o cumprimento de leis e regras.
- Liderança:Capacidade de manter o grupo em harmonia e coeso, motivando e inspirando as pessoas, ao mesmo tempo que direciona e organiza o trabalho; tomando as decisões necessárias para o progresso de todos.
5. Temperança: Qualidades que protegem contra os excessos e gratificação imediata.
- Perdão: É o ato de abrir mão da justiça própria e esquecer algo ou alguém que lhe tenha feito algo de ruim, substituindo a emoções de rancor, raiva e tristeza por sentimentos de tolerância e compaixão.
- Humildade:Deixar que suas realizações falem por si, sem se considerar melhor que os outros. Valorizar e querer aprender com os outros, ao invés de achar que sabe tudo. É estar aberto a novas ideias e ser flexível a ponto de aceitar seus erros e fraquezas.
- Prudência:Ser cuidadoso em relação às próprias escolhas, não correndo riscos desnecessários. Não dizer ou fazer algo que traga arrependimento na sequência. É a habilidade de saber esperar o melhor momento para agir.
- Autocontrole (autorregulação):Habilidade de resistir diante dos desejos e impulsos, adiar gratificações ou então contê-la dentro de limites de moderação.
6. Transcendência:Qualidades que fazem com que haja conexões com o universo, com valores mais amplos e significativos que dão sentido à vida.
- Apreciação da Beleza (admiração, elevação): Caracterizado pela admiração por algo maior, seja uma habilidade, talento ou beleza, assim como pela busca da excelência.
- Gratidão: Refere-se ao agradecimento por bens materiais ou imateriais, coisas ou pessoas. Envolve o reconhecimento e valorização do outro, e a consequente reflexão sobre as benesses da vida.
- Esperança (otimismo): Intimamente ligado ao otimismo, pelo fato de se esperar algo melhor no futuro. Além de esperar, deve-se trabalhar para atingi-lo, recuperar o vigor e a força diante das dificuldades, acreditando que algo melhor pode acontecer no futuro.
- Humor: Capacidade de conduzir a vida com leveza e bom humor. O humor pode ser expresso por meio de palavras, histórias, gestos e movimentos faciais.
- Espiritualidade (fé, propósito): É a força mais sublime do ser humano, que faz com que as pessoas busquem o significado mais profundo da vida. Acreditar em um propósito maior, ter crenças sobre o sentido de vida, seguir uma filosofia ou doutrina religiosa, as quais irão moldar a sua conduta e comportamentos.
As forças de caráter podem ser aprimoradas!
As virtudes são valorizadas universalmente por seu aspecto moral, já as forças de caráter são traços de personalidade por onde manifestamos e praticamos as virtudes. A personalidade é formada por uma combinação de várias forças que fazem com que cada pessoa seja única, logo, não é apenas uma força que define uma pessoa, mas sim o conjunto delas. As forças, apesar de estáveis, podem ser mensuradas, desenvolvidas e aprimoradas.
As forças de caráter representam aquilo que de melhor as pessoas têm dentro de si, e aparecem em diversas situações de nossa vida. Pessoas que usam suas forças têm mais energia e confiança no que fazem, sentem-se mais felizes, satisfeitas e autênticas, além de estarem mais motivadas diante de tarefas e trabalhos que coincidem com suas forças naturais, tendo assim maior concentração, produtividade, engajamento e força de vontade. Pesquisas apontam que pessoas que utilizam suas forças todos os dias tendem a ser seis vezes mais engajadas em seu trabalho, além de ter mais satisfação peal vida.
Pratiquem essas forças!
Seligman afirma que as forças de caráter e o flow (fluxo – será visto na sequência) são os maiores fatores de engajamento. Quando isso ocorre, as pessoas podem passar horas envolvidas e entretidas entrando em um estado de “flow” com a tarefa ao ponto de nem perceberem o tempo passar, mas mantendo alto nível de motivação na atividade por horas e horas.
As Organizações Gallup entre outros, conduziram pesquisas, onde chegaram à conclusão de que as pessoas têm muito mais potencial de crescimento e desenvolvimento quando investem tempo e energia em aprimorar suas forças do que tentar corrigir seus pontos fracos. Quando líderes colocam todo o foco em corrigir fraquezas do funcionário, há 22% de chance de ele se sentir desmotivado, enquanto se eles focam nos pontos fortes, existe apenas 1% de chance do subordinado se desmotivar.
Invista nos talentos!
Os talentos são traços, ou a forma como você pensa, sente ou se comporta, fazendo com que a pessoas seja altamente produtiva em algo específico. Podem ser evidenciadas desde a infância e pouco mudam durante a vida. Com o passar dos anos, a pessoa vai se aprimorando, acrescentando conhecimento, competên-cias e muita prática.
Com relação às competências, estas seriam habilidades em realizar tarefas aprendidas ao longo da vida, o que exige muita prática. Por fim, o conhecimento é a compreensão de fatos e princípios por meio da educação e experiência. A união de tudo isso resulta nos pontos fortes, uma combinação única de talentos, conhecimentos e competências. Então ao contrário do que muitos afirmam que “você pode ser o que quiser, desde que se esforce”; fica mais coerente afirmar que “você não pode ser o que quiser, mas pode ser muito mais do que já é”, pois a chave do desenvolvimento humano é focar naquilo que a pessoa já tem de melhor naturalmente.
No entanto surge a pergunta que não quer calar, o que fazer com os pontos fracos? Sabemos que não é possível simplesmente descartá-los, mas o fato de conhecê-los, já nos torna mais alertas quanto aos potenciais riscos. Como não é possível deixar de fazer o que não se gosta, sugere-se adicionar atividades que possam empregar suas forças ou talentos. Da mesma forma, é importante estimular a participação de pessoas com talentos diferentes, possibilitando que cada um atue naquilo que faz de melhor.
Não insista (tanto) nos pontos fracos!
O ponto fraco está ligado a atividades, que mesmo sendo realizadas de forma competente, nos deixam esgotados no final do dia, ao contrário ao ponto forte, que nos deixa energizados e animados, desde a expectativa em iniciar uma tarefa, até depois de concluí-la. É importante sabermos que dificilmente conseguiremos melhorar muito os nossos pontos fracos, pois mesmo com algum aperfeiçoamento jamais chegaremos à maestria dos talentos inatos.
Buckingham afirma que apesar de nos esforçarmos e até gostarmos de fazer algo, se não tivermos o talento específico, mesmo praticando repetidamente, dificilmente nos tornaremos habilidosos nessa atividade. Muitos são atraídos por salários e prestígio a exercerem algo que não condiga com seus talentos, o que gerará frustração ao longo do tempo.