Você sabe o que é felicidade?
Felicidade, um termo de difícil definição, mas todos sabem distingui-la da infelicidade, pois trata-se de uma percepção ou sensação muito particular. No entanto, o homem sempre a perseguiu, pois a vê como a antítese de sofrimento, sentimento ou fato que ninguém quer para a sua vida.
Nesse contexto, a Psicologia Positiva, tem se dedicado a estudar esse fenômeno, não com o intuito de eliminar os sentimentos negativos, pois isso é impossível, e impraticável; mas sim, em diminuir o impacto desses sentimentos na nossa vida. Começaremos falando sobre a compreensão da felicidade nos diversos períodos da história, até chegarmos aos conceitos atuais.
Fase da Filosofia:
- Filósofos Gregos e muitas religiões achavam que a felicidade estava ligada às virtudes humanas e prática do bem.
- Aristóteles falava que o fim último do ser humano é ser feliz.
- Epicuro dizia que a felicidade estava ligada a moderação dos prazeres, a libertação do medo, e o domínio da mente sobre as emoções.
- Somente após o que chamamos de autoconhecimento, as pessoas descobrem o que realmente querem, o que elas gostam e como se comportam.
Fase da Religiosidade:
- O ser humano delegou exclusivamente a Deus, a missão de ser merecedor da felicidade.
- O destino se encarregaria de tudo. Durante a vida o homem se dedicaria à prática do bem, mas a verdadeira felicidade só poderia ser alcançada após a morte.
Fase humanista:
- Houve uma separação entre a ciência e a religião.
- Começa-se a investigar quais seriam os fatores que permitiriam o ser humano alcançar o bem-estar físico e emocional.
Felicidade Hedônica:
Busca pela gratificação imediata. Trata-se de uma felicidade mais fugaz. Ex: Aquisição de bens materiais, comida, bebida, status, poder, dinheiro, fama.
- Adaptação Hedônica: Quando acaba o encantamento em relação aos desejos de felicidade depositados em bens, fama, dinheiro, etc. O desencantamento provoca a busca por novas sensações e emoções, tornando esse ciclo interminável.
O ser humano é um eterno insatisfeito, pois quando consegue algo, já começa a pensar em algo melhor que poderia ter alcançado, ou então se arrepende por algo que perdeu.
- Consumo: Está associado a Adaptação Hedônica, pelo fato de enjoarmos rapidamente do que temos, e consequentemente queremos algo novo. As pessoas tendem a tomar decisões erradas de consumo, em função da imaginação ampliada, o que ocorre quando supervalorizam determinado objeto.
- Fenômeno Hedonista: Não acontece somente em relação à objetos, mas também em relação às pessoas, e empregos.
As pessoas estão mais confusas, desfocadas e inseguras; e algumas das prováveis razões são a falta de tempo, foco e a busca desenfreada da felicidade em coisas imediatas ou em padrões sociais, resultando quase sempre em frustração.
Felicidade Eudaimônica:
Busca por uma vida significativa. Trata-se de uma felicidade mais duradoura. Ex: Realizações pessoais, família, contribuição social, espiritualidade.
A felicidade, em seu sentido mais profundo, é uma questão de escolha. E essa escolha será baseada nos significados subjetivos e nas crenças pessoais.
Felicidade x Euforia:
- A chave do bem-estar, é o equilíbrio entre propósito e prazer.
- Muitos associam felicidade à euforia, uma sensação de alegria extrema e de curta duração, e que após acabar leva a pessoa ao extremo oposto, tristeza e vazio.
- Durante a euforia, as endorfinas e outras substâncias endógenas atingem o pico máximo, produzindo alegria e êxtase, mas que cai bruscamente quando o evento termina.
Felicidade “Neutra”:
- Felicidade e infelicidade são termos independentes, e um não exclui o outro, razão pela qual poderemos ter as duas emoções simultaneamente.
- A ausência de felicidade não significa infelicidade, e que não preciso estar infeliz ou triste. Posso estar simplesmente em um estado de neutralidade emocional. Esse é um estado altamente produtivo e racional.
- Pelo fato de muitas pessoas não descobrirem a felicidade intrínseca, como paz, serenidade e satisfação; acabam se tornando eternos insatisfeitos.
- 50% da felicidade é determinada pela genética (doenças e transtornos), 10% pelas circunstâncias (pobreza, tragédias, cultura, traumas); enquanto 40% depende das nossas atividades.
Crenças sobre a Felicidade:
- A felicidade não é simplesmente um conjunto de emoções positivas, mas um estado psicológico mais amplo, que inclui um lado cognitivo, que diz respeito à própria avaliação de satisfação.
- Não são as circunstâncias como casamento, emprego ou dinheiro que nos farão felizes; mas ser feliz é que nos trará melhores relacionamentos, trabalhos e consequentemente salários.
- A felicidade não é algo passivo, mas algo que ativamente é construído todos os dias.
- Muitos acreditam que a felicidade ocorrerá quando algo diferente acontecer.
- O que faz as pessoas felizes, são suas atitudes, como a forma de pensar e interpretar os fatos, ou seja, a riqueza psicológica.
- Um dos fatores responsáveis pela felicidade humana é o nível de atenção que damos para as coisas. Podemos ficar deslumbrados quando vemos algo pela primeira vez, mas após se acostumar, perdemos o interesse. (Adaptação Hedônica)
Felicidade e Relacionamentos:
- A maioria das pessoas espera alcançar o “relacionamento dos sonhos” e “ser feliz para sempre”. Após alguns anos, a monotonia e o tédio acabam tomando conta do relacionamento.
- Pesquisas mostram que nem sempre as pessoas casadas são as mais felizes. Os solteiros, por terem mais tempo para si, a saúde e o lazer; acabam tendo mais liberdade e consequentemente mais autonomia e autoconfiança.
- Filhos e questões financeiras são os maiores fatores de conflito.
- Bebês e crianças observam a linguagem não verbal de modo muito apurado, e sentem facilmente quando existe uma distância emocional entre os pais.
Felicidade e Dinheiro:
- É praticamente impossível ser feliz sem ter o básico, ou poder pagar seus compromissos, pois em consequência se tornarão estressados, aflitos e inseguros.
- Não é preciso muito dinheiro para viver bem, pois a partir de certo patamar torna as pessoas cada vez mais escravas. O dinheiro pode trazer satisfação pessoal, mas não felicidade.
- Uma parte da felicidade vem dos bens materiais, mas a outra parte vem da riqueza espiritual e psicológica, como um sentido mais profundo e a habilidade de enxergar o que existe de bom ao nosso redor.
- O desejo e a imaginação podem ser nossos grandes inimigos, pois normalmente são maiores que a realidade.
- O perigo de querer ter muito dinheiro, está na obrigação de trabalhar demais, justamente para cuidar de suas finanças e patrimônio, o que resulta em ansiedade e medo.
- Um dos maiores problemas do dinheiro, é que ele gera necessidades que antes não existiam.
- A felicidade não está no objeto, mas na forma de pensar.
- O dinheiro pode aproximar ou afastar pessoas. Para os mais materialistas, os relacionamentos se tornam mais insatisfatórios e superficiais.
Felicidade e Comparações Sociais:
- Na maioria das vezes somos governados por nossos instintos ou pela influência de regras ditadas pela cultura ou sociedade, mesmo que esses instintos ou regras sejam irracionais.
- Um dos piores caminhos para a felicidade, é comparar a nossa vida com parâmetros estabelecidos por outros; ou simplesmente com a vida de outra pessoa.
- A comparação social e a cobiça desestabilizam a felicidade até daqueles que ganham bons salários.
- A atenção humana é um dos elementos mais importantes para a felicidade. As distrações a que somos expostos diariamente, podem nos deixar cansados, frustrados e infelizes. O fato de usar a atenção para buscar objetivos mais imediatos, do que para propósitos sólidos, como projetos de vida e amizades, faz com que as pessoas se sintam infelizes.
- Uma das formas de alcançar felicidade é dar mais atenção às cosas que realmente nos estimulam e nos deixam motivados, como fazendo, decidindo, projetando e construindo cada etapa daquilo que desejamos para a vida, em vez de ficar passivos diante do sucesso alheio.