PSICOLOGIA POSITIVA – Emoções Positivas
As emoções negativas, além de serem mais facilmente percebidas, são naturalmente mais intensas e dolorosas; o que requer que o indivíduo vivencie inúmeras emoções positivas, para neutralizar ou pelo menos amenizar os momentos mais difíceis.
Barbara Fredrickson, considerada a maior autoridade quando o tema são emoções, afirma que a positividade se expressa de forma mais presente, através:
1. Alegria: É a emoção positiva mais conhecida, e acontece sempre quando a realidade dos acontecimentos correspondeu ou supera nossas expectativas. Isso provoca uma sensação de entusiasmo e torna as pessoas mais bem-humoradas. É o contrário da tristeza e frustração.
2. Gratidão: É a emoção que faz com que reconheçamos situações e dádivas que a vida nos proporcionou. Pode ocorrer de maneira intrínseca em função da relação com o que possuímos ou vai bem na nossa vida; ou extrínseca, quando reconhecemos a ação das outras pessoas. A gratidão cria uma espécie de débito moral, fazendo com que o outro queira retribuir
3. Serenidade: É a emoção ligada a sensação de segurança e uma satisfação prolongada. Proporciona uma leveza interior.
4. Interesse: É a emoção ligada à curiosidade, a vontade de explorar o novo, aprender mais e estar aberto ao mundo.
5. Esperança: É a única emoção que surge durante os momentos negativos. Sua missão é tirar a pessoa do desespero, da tristeza profunda; para trazer a crença de algo bom ainda pode acontecer, e que as coisas podem mudar para melhor. Ela traz forças para a pessoa se reerguer, tentar outra vez, enxergar outras possibilidades e recursos, além de estimular o espírito de luta nos momentos de fraqueza e desolação.
6. Orgulho: O orgulho não pode ser confundido com arrogância. Está diretamente ligado ao nosso senso de realização, a valorização do trabalho, dos outros e a nós mesmos. Isso acaba tendo um impacto direto na nossa autoestima, alimentando ainda mais os nossos sonhos futuros.
7. Diversão: É uma emoção ligada à felicidade e humor, e difere da alegria por ter um componente social. Na diversão a pessoa procura compartilhar os momentos felizes com outras pessoas.
8. Inspiração: É uma emoção ligada ao autodesenvolvimento, pois faz com que as pessoas se sintam envolvidas e motivadas a agir, buscando ser cada vez melhor, ou seja, a busca pela excelência.
9. Admiração: Está ligada a uma capacidade de transcender, fazendo com que as pessoas fiquem perplexas ou deslumbradas diante da grandeza ou do encantamento por algo ou alguém.
10. Amor: É considerada a origem e a fonte maior de todas as emoções positivas, responsável por despertar os sentimentos mais nobres. Está ligado a todos os tipos de relacionamentos que um ser humano pode ter, pois une pessoas e evita a destruição humana.
O Cérebro e a Negatividade
O cérebro humano é biologicamente programado para dar mais atenção às emoções negativas, por uma simples questão de sobrevivência. Funciona como uma espécie de radar, sempre vigilante para nos proteger de ameaças, perdas, problemas, etc. Essa predisposição negativa do cérebro é facilmente percebida, pois catástrofes e tragédias sempre chamam a nossa atenção. Essa predisposição acaba aumentando a intensidade das experiências, fazendo com que a pessoa acumule preocupação, rancor, tristeza; o que se percebe pelo estresse.
No entanto, as pessoas sempre têm a possibilidade de ativar e desativar a positividade, dependendo de como analisam os fatos. O segredo está em mudar o foco. Uma das maneiras é tirar o foco das “notícias ruins”, pois acaba nos tornando indiferentes a esse tipo de conteúdo, o que não deixa de ser uma ótima estratégia para atrair a atenção para assuntos mais positivos. Em vez de se concentrar em reportagens ligadas a violência, marginalidade, tristeza e ódio; podemos começar a buscar notícias que nos inspirem a superação, criatividade, inovação, solidariedade, generosidade.
A Memória e o Circuito Neurofisiológico das Emoções
Manter-se por muito tempo sob efeito de emoções negativas, pode gerar problemas de saúde física e psíquica. O nosso cérebro possui áreas conhecidas como amígdala, hipotálamo e o hipocampo; que em resposta aos eventos negativos liberam os chamados hormônios do estresse, como a adrenalina, cortisol e outros. O objetivo é nos preparar para uma resposta rápida diante das ameaças; mas se prolongadas, acabam nos deixando em um estado de inquietação e agitação física e mental, que ao longo do tempo pode resultar em doenças e distúrbios.
Mas o problema não termina com os hormônios. O ser humano possui uma memória ligada às informações, fatos e lembranças (memória explícita), e outra mais profunda, ligada aos nos aprendizados (memória implícita). Como nosso organismo está voltado a segurança e preservação, os fatos bons acabam sendo rapidamente esquecidos e perdidos, ao contrário dos negativos que ficam retidos por mais tempo. Isso acontece porque nossa memória busca reter experiências ligadas ao processo de aprendizado, ou padrão; e dessa forma nos proteger de passar novamente por aquela mesma experiência negativa, o que não acontece com as emoções positivas, pois não são vistas como perigosas ou ameaçadoras.
Muitas das sensações negativas estão mais ligadas às nossas memórias passadas, do que ao perigo do evento em si. Isso é muito perceptível às memórias ligadas a infância, pois é um momento em que a pessoa ainda está muito vulnerável e sem a vivência para lhe dar suporte diante de novos fatos.
A medida em que a pessoa se mantém em um estado de negatividade, sobretudo ao modo negativo de reagir diante das situações, mesmo que imaginárias; vai automatizando o estresse, o que nos leva a afirmar que a negatividade gera mais negatividade, tornando os eventos muito maiores e negativos do que realmente são. Por isso, existe a necessidade de treinar o cérebro a criar novos caminhos neurais, com o objetivo de evitar que ele se habitue a processar as informações sempre da mesma maneira; e a melhor maneira de chegar a esse resultado é saber explorar o melhor das experiências vivenciadas, sejam elas boas ou ruins.
A medida em que as pessoas começam a valorizar mais o positivo em lugar do negativo, começam-se a desenhar novos traços neurológicos que através da repetição passam a ser incorporados ao funcionamento da pessoa, o que os cientistas chamam de neuroplasticidade autodirigida. Essa, permite que a pessoa crie filtros mentais, fazendo com que o cérebro priorize e incorpore os aprendizados positivos e minimize o impacto e a retenção dos negativos.
Teoria do Ampliar e Construir uma Espiral Ascendente Positiva
A positividade cria um ciclo de efeitos reflexos e progressivos, conhecido como “espiral ascendente”, de forma de que quanto mais a empregamos, mais avançamos e ampliamos os horizontes. É uma forma de enxergar novas opções e possibilidades, facilitando a elaboração de novas soluções para as adversidades. Como resultado, ficamos mais felizes, orgulhosos e dispostos para enfrentar os desafios.
As pesquisas mostram que trabalhadores felizes são mais eficientes, melhores líderes, apresentam níveis mais altos de produtividade, melhores remunerações e tendem a ter um menor índice de absenteísmo e turnover no trabalho.
Cultivar, praticar e valorizar experiências positivas não quer dizer “forçar” a aceitar tudo como sendo bom e positivo, muito menos esconder ou negar os problemas da vida.
O ser humano pode desenvolver e cultivar forças interiores, que podem se tornar traços estáveis; nos ajudando a contribuir e relacionar melhor com os outros, bem como lidar com os infortúnios da vida. Essas forças seriam habilidades menos “negativas” de reagir a determinada situações, caracterizadas por comportamentos e sensações de calma e contentamento em relação ao que possuímos e afeição pelos nossos pares, além de bom senso, determinação e generosidade.
É necessário praticar e exercitar o cérebro para que ele passe a processar aquilo que vivenciamos em nosso dia a dia de forma mais saudável, com menos tensão e sofrimentos.
Emoções Negativas e a Espiral Descendente
As emoções negativas como a raiva, medo, ansiedade e culpa estão associadas ao nosso mecanismo de defesa, funcionando como um tipo de alerta em frente as ameaças. No entanto a excessiva exposição vai gerar mais frustração e tristeza, ou em outras palavras, cria uma espiral descendente ou uma tendência de as coisas só piorarem. Nesse estado, o pensamento fica focado no medo, prejudicando as funções ligadas a cognição e raciocínio.
As emoções negativas existem para serem utilizadas por um curto espaço de tempo, somente para criarmos consciência de que algo errado está acontecendo, e que precisamos agir com rapidez para neutralizar a ameaça.
Concluímos que as emoções negativas não são um problema, mas sim o tempo que ficamos em contato com elas, é que pode se tornar um problema.
Emoções Positivas e Resiliência
Para viver emocionalmente bem, o ser humano precisa suprir pelo menos três necessidades fundamentais, como segurança, satisfação e ligação. A segurança proporciona um estado de tranquilidade, conforto e relaxamento, inibindo a produção de oxitocina e outros hormônios ligados ao estresse. A satisfação está ligada às recompensas tanto internas como externas, e a ligação está ligada ao afeto e apego com as pessoas ao nosso redor. Quando os três elementos estão equilibrados, o ser humano fica em um estado mais receptivo, consequente-mente menos suscetível aos fatos externos, criando o que chamamos de Ciclo da Predisposição Positiva.
• Modo Receptivo: Comportamentos Positivos, como reconhecimento, gratidão, sociabilidade, etc.
• Emoções Positivas: Aceitação, esperança, otimismo, segurança.
• Experiência Positiva: Superação, alegria.
• Hormônios do Bem-Estar: Liberação de serotonina, o hormônio da alegria.
• Memórias de Longo Prazo: Lembranças que remetem à positividade.
Por outro lado, pessoas que estão constantemente preocupadas, inseguras, chateadas ou ansiosas, acabam se colocando sob um estado mais negativo, o que aumenta a descarga de hormônios como a adrenalina e cortisol, fazendo com que toda a energia esteja focada no problema.
Segundo Seligman, pessoas felizes tem uma maior capacidade de resistência, além de terem mais cuidados com relação à saúde e segurança, favorecendo o processo de recuperação das experiências negativas.
Cultivando Experiências e Emoções Positivas
Cultivar experiências e emoções positivas, é algo a ser aprendido e incorporado ao nosso cotidiano. Para reduzir a negatividade, o desânimo e a frustração, é preciso reeducar o cérebro, para que as experiências positivas fiquem mais presentes e se tornem mais fortes. Isso é possível, se tivermos a oportunidade de reter por mais tempo os momentos de impacto positivo, que pode ser tanto uma experiência positiva ou algo de ruim que tenha sido evitado.
Manter uma experiência viva em nossa consciência por pelo menos 15 a 20 segundos, e revivê-la com mais frequência, é uma forma eficaz de formar novas conexões em nossa memória, visando minimizar os efeitos da predisposição negativa. Concluímos que estimular a positividade é aumentar o nível de atenção e percepção sobre as coisas boas que nos acontecem, mesmo que raras, e buscar valorizá-las por um tempo mais prolongado.
Outra forma de estimular a positividade é usar a imaginação através da projeção de eventos futuros positivos. Não existe nada de errado em querer um futuro melhor, desde que factível. Outra maneira, é procurar ver o lado bom dos fatos, tentando aprender com os próprios erros, perdas e frustrações.
Positividade e Inteligência Emocional
A teoria da Inteligência Emocional popularizada por Daniel Goleman, está ligada à capacidade das pessoas identificarem e gerenciarem de forma harmônica e equilibrada as suas próprias emoções, bem como as de seus interlocutores. Nesse contexto, a Psicologia Positiva está intimamente ligada a Inteligência Emocional, pois trata da prática das emoções positivas.
Cultivar as próprias forças e qualidades permite que o indivíduo tome mais consciência do seu potencial e responsabilidades, o que reforça a positividade, autoconfiança e segurança.
O Efeito da Positividade no Meio Social e Cultural
Pesquisas mostram que pessoas envolvidas por emoções positivas tendem a eliminar o estranhamento e a distância racial com relação ao seu círculo comum. Outro benefício é que a positividade é contagiosa, o que do ponto de vista social é formidável, pois favorece a compaixão, generosidade e reciprocidade entre o grupo.
Não podemos esquecer de falar da importância da espiritualidade, pois dela deriva o otimismo, a fé, a paciência, perseverança, entre outros.
Emoções Positivas x Emoções Negativas
Emoções positivas e negativas tem diferentes níveis e frequência e intensidade. Quanto maior a frequência das experiências positivas, mesmo que pouco intensas ou significativas, maior será o nível de felicidade. É melhor que as emoções positivas sejam rasas (simples), do que raras e intensas. Com relação as emoções negativas, infelizmente elas têm um impacto maior no estado emocional das pessoas. Um evento ruim, uma perda ou frustração; tem um impacto muito maior do que uma experiência positiva. Estudos ainda em fase inconclusiva, afirmam que 3 eventos positivos seriam capazes se neutralizar um negativo.
Benefícios da Positividade
Do ponto de vista da saúde, a positividade reduz os níveis de hormônios ligados ao estresse, e em contrapartida aumenta o índice de dopamina e serotonina, que são os hormônios do bem-estar. O resultado é uma melhora no nosso sistema imunológico, o que reduz a vulnerabilidade às doenças. A positividade também auxilia na aprendizagem, pois produz um aumento da criatividade e das habilidades de raciocínio e resolução de problemas. Enfim, tem tudo a ver com a construção da autoestima, a qual depende diretamente do afeto e das emoções.
No âmbito social e organizacional, os efeitos da positividade são ainda mais evidentes, pois as pessoas abam tendo mais qualidade nos relacionamentos, o que as faz trabalhar melhor e mais rápido, aumentando suas chances de sucesso.
A única emoção positiva presente nos momentos de dificuldade é a esperança, que tem uma função preponderante no contexto da recuperação e vislumbre de novas alternativas.