DECISÕES & CONSUMO
De forma consciente ou não, fazemos escolhas constantemente. Até a posição de neutralidade não deixa de ser uma escolha. Escolher é uma condição humana que determina quem somos e o que seremos no futuro. Há quem diga que “somos as escolhas que fazemos”.
A chave para entendermos quem somos, nossos potenciais, talentos e fragilidades, depende de como o cérebro processa os pensamentos, percepções, emoções, lembranças, afetos, vontades, desejos, etc.
Nosso cérebro possui um funcionamento básico que é compartilhado entre todos os humanos e garantem a nossa existência, como: o circuito do medo/estresse, que visa nos proteger dos perigos; o sistema de recompensa, que nos faz buscar satisfação; o centro da respiração e da circulação sanguínea, e assim por diante. No entanto, existem áreas no nosso cérebro que só dizem respeito a cada indivíduo, que estão relacionadas à maneira única com que cada um de nós sente, pensa, vive e aprende.
Para muitas pessoas não é tão fácil fazer uma escolha, pois nosso cérebro não é totalmente racional. Na prática precisamos das emoções para tomar nossas decisões. O aprendizado tem um caráter associativo, ou seja, tudo o que fazemos está vinculado a uma emoção, e consequentemente a um sentimento, e a um pensamento. Boas experiências trazem boas memórias e más experiências trazem más memórias, registradas no cérebro como indesejáveis. Essas por sinal, deixam uma marca mais forte do que as experiências agradáveis.
Outra característica do cérebro é que ele consolida o aprendizado muito mais pela prática do que pela teoria. Isso ocorre porque, quanto maior o número de sentidos ou sensações (olfato, visão, paladar, audição, tato) forem acionados no processo de aprendizado, mais “caminhos” o cérebro abrirá para fortalecer o conhecimento. Nosso conhecimento é uma rede de informações interligadas através de seus significados, percepções e sentimentos. Ex. Se pensarmos em uma maça, facilmente poderemos fazer associações com: vermelho, flor, cheiro, branca de neve, etc.
O cérebro por si só, é um órgão inteligente, pois funciona independente da nossa vontade, tanto nas funções fisiológicas, quanto nos pensamentos, e é justamente por isso que ele é capaz de nos manipular e enganar para conseguir o que julga mais adequado para o momento. Ex. Se estamos ansiosos muitas vezes temos vontade de comer, mas se já estamos satisfeitos, por que o cérebro pediria mais comida? Simples, distração e recompensa. A recompensa é dada pelo fato de realizarmos com facilidade aquilo que desejamos, trazendo-nos assim uma sensação agradável que é a de comer. A vontade de comer sem estar com fome é uma forma que o cérebro tem de nos sinalizar que algo está errado. Mesmo de forma inconsciente, as associações e conexões geradas pelo cérebro são capazes de nos influenciar o tempo todo. Isso nos leva a concluir que a influência do conhecimento não consciente exerce um poder determinante para as tomadas de decisão e nossas escolhas diárias.
Se nossas compras fossem totalmente racionais, certamente compraríamos o que de fato é necessário. Mas na verdade, no momento de escolher o que comprar, o cérebro recebe influências de todo o nosso saber não consciente (percepções e sentimentos), e o marketing entende cada vez mais como o nosso cérebro funciona e faz uso desse conhecimento. Uma das formas de nos influenciar é através das analogias, que resgatam prazeres vivenciados, imaginados ou idealizados, ou através dos sentidos, como: música, cheiro, sensações, memória e imagens fortes. Todo produto ou serviço anunciado, vem associado a várias características, exatamente da mesma maneira que os objetos são armazenados na nossa memória. Tudo tem uma conotação sentimental, e é por esse meio que o marketing tenta nos fisgar. Ele não vende só o produto, mas tudo o que está associado a ele, como sensação de bem-estar, satisfação, liberdade, segurança, lazer.
Concluindo: Para não sermos manipulados por um mercado altamente consumidor, precisamos saber que nosso cérebro é capaz de nos induzir e influenciar na hora de escolhermos o que consumir.
Para quem tiver interesse no tema, recomendo o livro: “Mentes Consumistas” de Ana Beatriz Barbosa Silva.